Polícia investiga suposto uso de franquia de restaurante de picanhas para lavagem de dinheiro pelo traficante Professor
04/06/2025
(Foto: Reprodução) Investigação indica que Fhillip da Silva Gregório montou uma rede de lavagem para a facção Comando Vermelho usando franquias da Picanha do Juscelino e eventos culturais. Após uma série de transferências, o dinheiro chegava a Ponta Porã (MS), onde eram adquiridas armas e drogas. O traficante Fhillip da Silva Gregório, o Professor
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A Polícia do Rio investiga o suposto uso de uma rede de restaurantes especializados em picanha pelo traficante Fhillip da Silva Gregório, o Professor, morto nesta segunda-feira (1), para lavar dinheiro.
Segundo a investigação, o dinheiro da venda de drogas do Comando Vermelho foi lavado através da franquia. Após uma série de transferências, o dinheiro chegava a Ponta Porã (MS), onde eram adquiridas armas para novos negócios ilegais.
De acordo com a investigação, o criminoso montou uma rede de lavagem para a facção. Além dos restaurantes, Professor se utilizou ainda de eventos culturais para dar um ar de legalidade ao dinheiro.
Segundo as investigações, a Picanha do Juscelino foi utilizada como uma espécie de auxiliar na estrutura de lavagem de dinheiro do Comando Vermelho, sob controle do Professor. A polícia aponta o traficante como principal sócio investidor da rede de restaurante.
O g1 procurou pelo empresário Juscelino Medeiros de Lima, mas ele não retornou os contatos até o momento.
Polícia Civil detalha mandados contra a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas
A Polícia Civil do RJ cumpriu nesta terça (3) mandados de busca e apreensão contra pessoas apontadas como “lavadores de dinheiro” do Comando Vermelho.
Juscelino Medeiros de Lima foi um dos alvos de mandados de busca e apreensão. Equipes da Polícia Civil foram até os endereços de suas casas e da empresa. Um dos endereços da Picanha do Juscelino é na Fazendinha, comunidade dominada por Professor.
O restaurante fica em frente ao campo de futebol, onde Professor patrocinava o Baile da Escolinha. O baile atrai milhares para a Fazendinha, no Complexo do Alemão, e a Polícia Civil do RJ afirma que a produtora da festa lavava dinheiro e movimentou R$ 50 milhões em 1 ano.
A Picanha do Juscelino fica em frente ao Campo do Zé, na Fazendinha, onde acontecem os bailes patrocinados pelo traficante Professor
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De acordo com a Polícia Civil, o restaurante era utilizado para injetar dinheiro do tráfico de drogas em suas contas bancárias para conferir aparência de legalidade à origem dos valores:
"A escolha do ponto comercial próximo ao evento não era casual: a estrutura do restaurante funcionava como suporte logístico e econômico para os eventos promovidos pela facção, com forte simbolismo territorial e integração ao cotidiano criminoso, o que reafirma o papel do local como instrumento de dissimulação patrimonial e lavagem de capitais do grupo criminoso".
As investigações descobriram que a Picanha do Juscelino recebeu e realizou depósitos a pessoas envolvidas com o tráfico de drogas. Um dos suspeitos que obteve dinheiro do restaurante movimentou pouco mais de R$ 1 milhão em um período de 14 dias, em março de 2023.
O empresário Juscelino Medeiros de Lima apontado pela polícia como suspeito de lavar dinheiro para o traficante Professor
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Há 10 anos, o empresário Juscelino Medeiros de Lima chegou ao Rio vindo da Paraíba para começar a vida na cidade. A família morava no Complexo do Alemão e a ideia era abrir um restaurante no local. Os negócios começaram com um food truck em frente ao Hospital Getúlio Vargas, na Penha.
Ao Jornal O Globo, em 2020, Juscelino contou que um ano depois, um grupo de investidores fez uma proposta de sociedade que foi aceita.
"Tive medo, mas aceitei. Aí, o food truck cedeu espaço para um quiosque, que continua funcionando. Assim nasceu a Picanha do Juscelino", contou na ocasião.
Foto de dinheiro em celular do traficante Fhillip da Silva Gregório, o Professor
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Mulheres de Professor e de Poze do Rodo investigadas
A investigação da Polícia Civil também chegou a Matheus Gouveia Mendes, apontado como um dos operadores do esquema. Ele também foi alvo de buscas nesta terça (3).
Segundo a investigação, Matheus repassava valores para duas mulheres suspeitas de lavar o dinheiro.
Uma delas é Gabrielle Frazão, a mãe de um dos filhos do traficante Professor que recebeu R$ 66 mil.
A outra mulher que recebeu depósitos de Matheus foi Viviane Noronha, esposa do MC Poze do Rodo.
A polícia afirma que Vivi Noronha recebeu mais de R$ 1 milhão de Matheus em transferências para a conta pessoal e para a conta da empresa dela.
Segundo o delegado Jefferson Ferreira, Viviane recebeu ainda valores de Matheus Mendes, apontado como operador financeiro e laranja de Professor. Os depósitos foram feitos tanto em sua conta pessoal quanto na conta da empresa Noronha Influenciadora.
O traficante Fhillip da Silva Gregório, conhecido como Professor, em baile no Complexo do Alemão
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