Áreas turísticas e de lazer do Rio sofrem com falta de banheiros públicos
04/06/2025
(Foto: Reprodução) Locais icônicos como Lagoa Rodrigo de Freitas, Aterro do Flamengo e Zona Portuária não oferecem infraestrutura sanitária adequada a moradores, trabalhadores e turistas. Áreas turísticas e de lazer do Rio sofrem com falta de banheiros públicos
Os principais cartões-postais e áreas de lazer do Rio de Janeiro enfrentam grave carência de banheiros públicos gratuitos. Moradores, turistas e trabalhadores relatam dificuldades diárias em locais como a Lagoa Rodrigo de Freitas, Aterro do Flamengo e regiões do Centro histórico. O RJ2 esteve nesses locais e comprovou o problema.
Na Lagoa, por exemplo, banheiros existentes foram removidos. Helder Ribeiro, operador de estacionamento, testemunhou a retirada das unidades que ficavam perto do Jardim de Alá.
"Eram dois banheiros. Foram retirados por conta do mau uso. O pessoal depredava, tinha vazamentos de água direto".
A ausência obriga pessoas a improvisarem: "O pessoal vem apertado, não tem onde se aliviar, procura arvores, atras do caminhão. Vejo isso direto. não tem alternativa", comentou Helder.
Banheiros que ficavam perto do Jardim de Alá, na Lagoa, foram retirados.
Reprodução TV Globo
Professores e alunos do projeto social "Tênis na Lagoa" dependem da boa vontade de comerciantes. Eduardo Gomes, professor, disse que os alunos precisam contar com a ajuda dos frentistas de um posto de gasolina.
"O pessoal do posto ajuda, deixa usar banheiro lá. Eles sabem que é da nossa turminha do projeto e ele ajuda. Mas o banheiro público aqui não tem", comentou o professor.
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Situação precária
O único equipamento próximo ao campo de baseball da Lagoa Rodrigo de Freitas é um mictório masculino insalubre. Luana Mello, frequentadora diária, descreve o local como impossível.
"Alagado, com cheiro forte e chão sujo de urina. Para mulheres, não há absolutamente nada".
Segundo os frequentadores do Aterro do Flamengo, outro ponto de grande circulação na Zona Sul, os banheiros funcionam apenas durante o Carnaval.
Já na orla, os postos de salvamento cobram R$ 3,50 por uso, o que também dificulta para quem está na praia para trabalhar, como explicou Vitória Barbosa, barraqueira.
"Pego 6h, de manhã até de noite, 22 horas da noite. Às vezes eu não tenho condição pra pagar e tenho que ir ao mato ou na areia", disse Barbosa.
Impacto turístico e social
Taxistas como Francisco Mesquita relatam como os turistas que visitam o Rio também são prejudicados pela falta de banheiro público.
"O passageiro quer ir ao Centro, na parte histórica, na Narra, praia. Ai no caminho, a pessoa quer ir ao banheiro, temos que parar próximo a um restaurante e falamos: "O senhor tenta no restaurante, se aceitar o senhor usar". Acho que qualquer cidade, principalmente o Rio, que recebe muitos turistas, deveria ter banheiro público", alerta o taxista.
Banheiros sem manutenção no Rio
Reprodução TV Globo
Os turistas também se sentem frustrados. Vanessa San Martín, do Chile, lamentou não conseguir encontrar um banheiro durante um passeio.
"Deveria haver banheiro público mais perto. É um grande problema, sobretudo quando andamos com crianças. Elas são as que mais precisam de banheiro. É algo importante", comentou a turista.
No Largo da Prainha, Renato Nonato, gerente de restaurante, critica a situação da região pela falta de banheiros públicos. Ele disse que na maioria das vezes deixa que pessoas que não são clientes usar o banheiro do local. Contudo, ele lembra que isso tem um custo elevado.
"Na maioria das vezes, a gente deixa (...) Mas a gente tem um custo elevado sobre isso. Acho que poderia ter mais banheiros químicos na região", ponderou.
Na Lagoa, alguns banheiros são exclusivos pata homens.
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Enquanto o poder público não age, trabalhadores, moradores e visitantes seguem convivendo com a precariedade sanitária em áreas que simbolizam a imagem internacional da cidade.
O que diz a prefeitura
Em nota, a Prefeitura do Rio não se manifestou sobre a ausência de banheiros públicos nas áreas de lazer citadas na reportagem.
O município apenas informou que a Quinta da Boa Vista, os parques Madureira, Pavuna, Realengo, Oeste e Rita Lee, na Barra da Tijuca, têm banheiros públicos que recebem manutenção periódica.